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Para 2010…


Última postagem do ano. Pensei em algo que refletisse este momento natalino e de recomeço da nossa jornada, que é o ano novo. Ao tomar conhecimento do caso de um menino de Niterói (RJ), que foi agredido pelo pai por causa da orientação sexual do filho, pensei em muita coisa. O fato em si é muito grave e triste. Mas ao fazer o trajeto mental do óbvio, compreendi quão mais aterrador é pensar que dezenas, centenas, talvez milhares de histórias similares devem ocorrer Brasil (e mundo) afora todos os dias, todos os anos.

Crimes motivados por ódio

A violência homofóbica, bem sabemos, está atrelada a toda nossa cultura. Está em nossa educação formal e familiar (basal), religiosa, cultural, de consumo de mídia também eu arriscaria. Ela está enraizada nas nossas palavras e condutas, nas nossas práticas cotidianas, no modo como olhamos as vivências de gênero, as demonstrações de masculinidade e feminilidade, de virilidade e delicadeza, tudo em torno de algumas matrizes culturais e históricas rígidas sobre gênero, sexualidade, comportamento e expressão.

Mas colocando na balança a história do Igor e este momento de redenção, de reflexão, de projetos novos (ou retomada de velhos), que é a característico do fim do ano, resolvi não falar apenas negativamente sobre isto. Já se tem clara a dimensão da homofobia em nossa sociedade, principalmente tem-na aqueles que se colocam a pensá-la ou observá-la no cotidiano – dos amigos homossexuais, por exemplo.

Jorge S. López Mercado, adolescente de Porto Rico assassinado e decapitado em novembro de 2009.

Por isso, resolvi fazer o vídeo abaixo, para dar vazão a uma série de imagens que gosto muito. Imagens que me fazem refletir, ficar encantado ou estarrecido; leve e esperançoso; pensativo e combativo. Enfim, uma porção de afeto, demonstração explícita de um pouco do mais humano que temos, que é o amor pelo outro – seja ele apenas sexual ou não. Um pouco de arte homoerótica, de produção da chamada queer arte, junto a outras imagens diversas.

Como pano de fundo auditivo, escolhi três músicas que me tocam bastante: Nature Boy, Traduzir-se e The Man I love. A primeira na voz inesquecível de Nat King Cole. A segunda na voz suave de Adriana Calcanhoto. Já a última, sob a interpretação da eterna Billie Holiday. Espero que gostem. É reflexão e desejo: de mais afeto puro e sincero, natural; de autocontemplação e autoconhecimento, tradução do eu; e de amor, amor ao homem ou à mulher que se ama, amor ao outro.

Abraços a todos e até 2010, que desponta aí.