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A Boy to Be Sacrificed


Taïa na capa da revista TelQuel: "Homossexual apesar de todas as adversidades". Foto: Reprodução.

Abdellah Taïa nasceu em Salé, uma cidade de 800 mil habitantes no noroeste do Marrocos (país bem ao norte da África). O ano era 1973. Em 1988, quando tinha 25 anos, Taïa exilou-se na França. Ele era um menino a ser sacrificado. A razão para isso: sua afeminação e homossexualidade. Mas Taïa teve um destino diferente, o que lhe permitiu dar voz a esse tema. Em 2007, Abdellah Taïa saiu do armário na publicação marroquina TelQuel, o que escandalizou sua terra natal.

Uma parte da história deste gay árabe está no artigo abaixo, escrito por ele mesmo para a edição de domingo passado (24) do jornal The New York Times. O texto é triste, mas muito maduro, e reflete a própria maturidade de Abdellah Taïa ao lembrar da criança que fora num país em que “não havia homossexualidade” e do homem que é hoje aos 38 anos. Por ora, o texto ainda está sem tradução.

Coloco um pequeno trecho traduzido, que me tocou muito:

Eu nunca mais fui o mesmo Abdellah Taïa depois daquela noite. Para me salvar, eu me matei. E eis como fiz isso. Eu comecei a manter minha cabeça baixa todo o tempo. Eu cortei todas as relações com as crianças da vizinhança. Mudei meu comportamento. Eu me mantinha vigilante: nada mais de gestos femininos, nada mais de andar com as mulheres. Nada de mais nada. Eu tive que inventar um Abdellah inteiramente novo. Eu me empenhei nisso com grande determinação, e com a compreensão de que aquele mundo não era mais meu mundo. Cedo ou tarde, eu deixaria aquilo para trás. Eu crescercia e encontraria a liberdade em algum outro lugar. Mas até lá, eu me tornaria alguém forte. Muito forte.

Para saber mais sobre Abdellah Taïa e suas obras, acesse o site dele. Leia o resto deste post